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Cirurgia de Escoliose

Fotos de cirurgias reais, originais de autoria do Dr. Fernando Marcelino

A cirurgia de escoliose é uma intervenção cirúrgica que visa o realinhamento da coluna com auxílio de implantes metálicos inseridos nas vértebras

Indicada principalmente para pacientes com curvaturas acentuadas ou com alto risco de progressão, a cirurgia de escoliose consiste em uma intervenção cirúrgica que visa corrigir, da melhor forma possível, o alinhamento normal da coluna do paciente. Os principais objetivos da operação são: prevenir a progressão da deformidade, diminuir sua magnitude e manter o alinhamento correto da cabeça com a pelve, além de melhorar a estética e autoestima do paciente.

Atualmente, o principal método utilizado na cirurgia de escoliose é a artrodese vertebral que consiste na fusão induzida cirurgicamente das vértebras contidas na deformidade de modo que elas se tornem um único bloco ósseo, evitando assim a progressão da curva. O procedimento envolve  a colocação de implantes cirúrgicos, como parafusos e ganchos, nas vértebras e a conexão destes a hastes metálicas,  permitindo a realização de manobras de correção da deformidade  e mantendo a coluna alinhada ao longo do processo de fusão vertebral.

O que é escoliose? Sintomas e tipos

A escoliose é uma deformidade tridimensional que se caracteriza pela existência de uma curvatura lateral anormal na coluna maior que 10°, podendo afetar a região lombar, torácica ou cervical. Este tipo de desalinhamento se manifesta em diferentes graus e tipos, fazendo com que a coluna do paciente, ao olhá-la de frente, apresente um formato de “S” ou “C”, e pode trazer diversos transtornos de ordem estética e funcional.

Normalmente diagnosticada entre a infância e adolescência, não costuma causar sintomas, tanto que muitos pacientes podem conviver com certo grau de escoliose por muitos anos, descobrindo a alteração apenas quando fazem uma radiografia da coluna por conta de alguma outra condição médica. Porém, quando a curvatura é muito acentuada, o paciente pode sentir algum desconforto muscular e ainda apresentar sinais clínicos visuais como:

  • Assimetria na região da cintura;
  • Diferença de altura entre os ombros;
  • Inclinação do tronco para algum dos lados;
  • Mamilos posicionados em alturas diferentes;
  • Pernas que aparentam ter tamanhos diferentes entre si;
  • Escápula pronunciada em apenas um dos lados do corpo;
  • Gibosidades dorsais ou lombares;
  • Assimetria das costelas e da caixa torácica.

No que diz respeito aos diferentes tipos de escoliose, a deformidade pode ser classificada de acordo com suas causas, sendo elas:

  • Escoliose idiopática: sem causas conhecidas, sendo este o tipo mais frequente de escoliose podendo acometer até 3% da população. Esse tipo de escoliose é subdividida quanto à idade do diagnóstico – Infantil (0-3 anos), Juvenil (3-10 anos), Adolescente (10-18 anos), Adulto( >18 anos);
  • Escoliose congênita: a deformidade está presente desde o nascimento, e é resultante de má formação vertebral;
  • Escoliose neuromuscular: é consequente de doenças neurológicas ou musculares;
  • Escoliose Sindrômica: que se desenvolve como parte de uma síndrome como, por exemplo, na Síndrome de Marfan ou na de Ehlers-Danlos;
  • Escoliose degenerativa do adulto: é causada pela degeneração dos discos intervertebrais, e está associada ao envelhecimento natural, podendo causar tanto dores na coluna quanto dores irradiadas para as pernas.
  • Escolioses secundárias: são secundárias a alguma outra patologia adjacente como um tumor, por exemplo. Normalmente os pacientes se queixam de dores significativas, o que deve ser um sinal de alerta.

Quando a cirurgia de escoliose é indicada?

O tratamento, assim como a indicação da cirurgia de escoliose, é sempre individualizado, uma vez que depende de fatores como o tipo de escoliose, o grau de curvatura apresentado pelo paciente e as consequências que a alteração está trazendo ao organismo e a qualidade de vida dele.

A intervenção cirúrgica é recomendada para os casos em que é identificado que a curva está progredindo de maneira significativa, sem apresentar sinais de controle por meio do tratamento clínico conservador com fisioterapia e o uso de colete. Entre os fatores de risco para progressão da curva estão:

  • Maturidade óssea — quanto maior for o potencial de crescimento esquelético do paciente, maior será a chance de progressão da curva;
  • Magnitude da curva — curvas maiores tendem a progredir mais que curvas menores;
  • Morfologia e localização da curva — curvas duplas progridem mais do curvas únicas e as curvas torácicas progridem mais que as da coluna lombar;
  • Sexo feminino — meninas tem maior potencial de que suas curvas progridam.

 

Não há uma receita de bolo, mas, em geral, deformidades com curvatura acima de 45 graus em pacientes que ainda estão crescendo ou acima de 50 graus nos que já pararam de crescer possuem indicação para cirurgia de escoliose, pois a tendência é que estas curvas progridam com o tempo, prejudicando a qualidade de vida do paciente.

Em alguns casos de escolioses neuromusculares, congênitas ou sindrômicas a cirurgia de escoliose pode ser indicada com curvaturas menores do que 45 graus, devido a um maior potencial de progressão relacionada a algumas dessas patologias, além também de ser indicado para facilitar os cuidados e a adaptação em cadeiras de rodas de alguns pacientes com doenças neuromusculares.

Como é realizada a cirurgia de escoliose?

A metodologia cirúrgica aplicada pode variar conforme as particularidades do caso, cabendo ao cirurgião de coluna avaliar o quadro e identificar a técnica que poderá trazer mais benefícios ao paciente. Como foi explicado, a artrodese é o método mais comum de cirurgia de escoliose, e consiste na fusão de parte da coluna para que ela se torne um bloco unificado e realinhado. Esse procedimento pode ser realizado pela parte de trás da coluna (acesso posterior – o mais comum atualmente), pela frente (acesso anterior) ou por uma combinação dos dois acessos.

Hastes de metal são fixadas na coluna por meio parafusos, ganchos ou fitas com o objetivo de manter os ossos no local até que as vértebras abordadas se consolidem e um único bloco ósseo, processo esse normalmente acelerado com o uso de enxerto ósseo retirado da própria coluna do paciente. Esses implantes normalmente não precisam ser removidos posteriormente, embora existam casos em que, devido a alguma complicação, uma nova operação pode ser necessária para a retirada dos implantes.

Para mobilizar as curvas mais rígidas e auxiliar na correção da deformidade uma ressecção cirúrgica parcial ou total das vértebras (osteotomias) podem ser necessárias. Outro procedimento que também ajuda na mobilização da curva é a tração esquelética intra-operatória, em que pesos são conectados nas extremidades do paciente (cabeça e pernas) “esticando” a coluna do paciente e diminuindo a magnitude da deformidade.

Em crianças muito novas a artrodese vertebral pode não ser uma boa escolha, já que acaba limitando o crescimento do tórax e potencialmente o desenvolvimento dos pulmões prejudicando, assim, a função pulmonar. Nesses casos são utilizados sistemas que permitem o crescimento como as chamadas “Growing Rods”. A fusão vertebral não é realizada e as hastes servem apenas como tutores para o crescimento da coluna. Porém, nessa opção de tratamento, normalmente é necessário mais do que apenas uma cirurgia, precisando de novos procedimentos para alongar o sistema de tempo em tempo.

Os implantes e as técnicas atuais possibilitaram que o cirurgião consiga realizar grandes correções nas cirurgias de escoliose, porém, essas grande correções põem em risco as estruturas nervosas protegidas pela coluna como os nervos e a medula, podendo causar déficits neurológicos irreversíveis. Assim, para aumentar a segurança do procedimento, uma monitorização neurológica é realizada por um médico neurofisiologista durante toda a cirurgia de escoliose, possibilitando a identificação precoce de possíveis sofrimentos neurológicos e permitindo que o cirurgião intervenha rapidamente  preservando a função neurológica.

A duração total da cirurgia de escoliose varia de acordo com o grau de correção necessária e do número de vértebras envolvidas na curvatura, podendo levar entre 3 e 12 horas. Por serem cirurgias de grande porte pode haver uma perda sanguínea razoável e a possibilidade de necessitar de transfusões sanguíneas é grande.

Como é a recuperação após a cirurgia?

Após a cirurgia o paciente pode necessitar passar uma ou mais noites na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas já no dia seguinte da cirurgia, o paciente consegue ficar sentado, sair do leito e dar alguns passos com auxílio, o que deve ser estimulado o mais rápido possível. Um dreno normalmente é colocado durante a cirurgia de escoliose para evitar hematomas e é retirado entre o 2º  e 3º dia pós-operatório.

O paciente receberá medicações analgésicas, trocará o curativo diariamente e fará fisioterapia motora e respiratória durante a internação devendo ter alta entre o 4º e o 7º dia pós-operatório, assim que tiver em condições clínicas para ir para casa.

Em casa o paciente deve evitar realizar movimentos de rotação, flexão e inclinações do tronco e deve ficar de repouso por, no mínimo, duas semanas, podendo retornar para escola ou trabalho de escritório após a cicatrização dos pontos.

Assim que a fusão vertebral já estiver consolidada, o que normalmente ocorre entre o 6º  e o 12º  meses após a cirurgia, o paciente já pode  retornar completamente as suas atividades habituais, inclusive as que incluem práticas esportivas. Mesmo com o processo de artrodese, a coluna continua apresentando mobilidade suficiente para executar todas as atividades necessárias no cotidiano.

Quais são as possíveis complicações da cirurgia de escoliose?

Atualmente a cirurgia de escoliose está mais segura e efetiva, com resultados cada vez melhores. Porém, como qualquer procedimento cirúrgico, também possui potenciais complicações normalmente minimizadas pela utilização da técnica e dos cuidados adequados. Essas são possíveis complicações da cirurgia de escoliose:

  • Paraplegia;
  • Perda Sanguínea excessiva;
  • Infecção de ferida operatória;
  • Lesão dural com fístula liquórica;
  • Pseudoartrose (falha na fusão das vértebras);
  • Soltura e quebra de implantes;
  • Progressão da curva mesmo após a cirurgia – “Adding-on”

 

 

A coluna ficará reta após a cirurgia?

É importante destacar que as vértebras que compõem a coluna possuem funções bastante específicas no organismo, sendo que uma delas é a proteção da medula. Isso significa que a correção da curvatura que será proporcionada pela cirurgia de escoliose depende diretamente da segurança da medula espinhal e da flexibilidade da curvatura. A maioria dos pacientes consegue obter curvas com menos de 25 graus após a intervenção, tornando-se pouco perceptíveis em comparação ao desvio anterior e não trazendo limitações em suas atividades habituais.

Para saber mais sobre a cirurgia de escoliose, tirar suas dúvidas e descobrir se esta é e metodologia terapêutica mais adequada para seu caso, entre em contato e agende uma consulta com o Dr. Fernando Marcelino.

Fontes:

Dr. Fernando Marcelino

Sociedade Brasileira de Coluna;

Spine-Health;

Scoliosis Association UK;

Scoliosis Research Society.

Para saber mais sobre o trabalho realizado pelo ortopedista especialista em coluna,
entre em contato e agende uma consulta com o Dr. Fernando Marcelino.

(11) 99941-0655